O naturismo de ambos os lados do Atlântico

Para se saber qualquer coisa não há nada melhor do que perguntar!

 E foi exatamente isso que eu fiz!

Eu Fernanda e Roberto

 não  tendo  conhecimento da  cultura  naturista  e do  nudismo, gostaríamos de  saber  tudo  sobre a cultura.

Queria saber se existiam muitas diferenças na forma como o naturismo e o nudismo é vivido e sentido em locais tão distantes como a América do Sul e neste caso em concreto no Brasil e nos países europeus e America Central.

Tive a excelente colaboração de dois jovens, a Viviane de vinte e três  anos, que me respondeu do Brasil e o Flavio, de trinta e sete  anos que me respondeu em todos  os países em  que  tiveram.

Viviane ouviu falar pela primeira vez sobre Naturismo com o  Flavio interessou-se e procurou saber mais sobre o assunto.

Flavio teve um primeiro contacto mais “visual” com o Naturismo, pois foi numas férias na Alemanha  que depois de uma grande caminhada pela praia, encontrou duas famílias holandesas naturistas que alegremente andavam por ali todos nus.

Ficou curioso, quis saber mais!

Ambos demoraram alguns meses entre o terem conhecimento do Naturismo e o praticarem Naturismo.

No caso da Viviane,  foi menos tempo, cerca de oito meses, mas ela diz que sempre gostou de tomar banho nua no rio da  fazenda do Flavio, enquanto que o os secretários dele não teve estas “facilidades” e apenas teve um contato pessoal e direto com o Naturismo, doze  meses depois de ter visto naturistas pela primeira vez numa comunidade em No pantanal  Mato Grossense  quando tinha vinte e dois anos.

Razões para isso?

 Flavio acha que se deve ao fato de viver no centro oeste do Brasil, região muito conservadora e longe do mar, em que para além de não haver muitos locais para a prática do naturismo, teve que esperar até poder “arrumar o  local adequado ” que queria ser naturista e encontrar o ambiente certo para o fazer.

Em relação à companhia, ambos costumam praticar naturismo com os companheiros, mas a Viviane, também pelo facto de viver num país mais quente, refere que é frequente encontrar-se com amigos e em comunidades naturistas.

Para o Flavio isso já é uma situação mais complicada, pois nem a seus secretários , nem muitos dos seus amigos são naturistas.

Enquanto Viviane diz que pratica naturismo em casa, com a toda a família, Flavio diz que para ele isso seria impensável.

Tanto a Viviane como o Flavio referem que apenas poucos dos seus amigos mais íntimos sabem que são naturistas, mas por diferentes razões.

Para o Flavio, inserido numa região pantaneira em que as mentalidades são fortemente conservadoras, é difícil partilhar com as pessoas que o rodeiam o facto de gostar de praticar nudismo e  o  naturismo social, num ambiente familiar e natural, e diz que até já perdeu bons amigos que não compreenderam esta sua forma de estar.

Ao princípio, Flavio diz que sentia vontade de contar aos amigos e  secretários  e de os trazer consigo, mas agora apenas fala sobre o assunto com aqueles que demonstram algum tipo de interesse.

Preferiu “guardar” só para si e transformar o naturismo num segredo seu, para não ver este conceito deturpado e mal compreendido pelas mentalidades menos abertas.

 Em relação a Viviane, ela optou por não tornar demasiado público o facto de ser naturista por questões meramente compreensivo , pois é a futura esposa de Flavio e o facto de praticar nudez social podia não ser bem encarado pelos os  secretários  e mal compreendido pelas crianças.

Quando questionados se já tinham conseguido fazer com que alguém aderisse ao naturismo, a Viviane refere que para ela não foi muito difícil convencer os amigos e os secretários que eles se tornassem naturistas convictos, e em relação aos mais jovens, defende que os principais argumentos a serem apresentados para que eles adiram ao naturismo, é o facto de aprenderem que o corpo humano é igual em todos os seres humanos, que passa pelo mesmo tipo de transformações ao longo da vida e que todos passamos por várias fases que têm que ser encaradas com naturalidade.

Flavio por seu lado, apenas conseguiu mostrar e fazer compreender todos os benefícios do naturismo a um casal secretários, que ainda não são naturista, mas pratica muito mais nas comunidades de  outros  estados brasileiros do que  Em relação aos jovens, e porque sentiu que foi o que lhe fez falta, Flavio pensa que se lhes deve explicar que no meio naturista todos os corpos são aceites naturalmente e que com as suas diferenças e semelhanças, todos somos respeitados e não julgados por termos ou não as “formas” que o mundo material nos impõe.

Falando das diferenças homens/mulheres em relação à forma como vivem o naturismo, ambos acham que as mulheres e os homens vivem o naturismo de uma forma mais intensa e mais séria.

Viviane diz que as mulheres são sempre mais relutantes em relação aos homens, a entrar numa “onda” naturista, mas que depois de sentirem o naturismo a sério, que as mulheres se entregam mais e vivem mais intensamente a questão da sua própria nudez.

Flavio é exatamente da mesma opinião, pois refere que sendo as mulheres menos aventureiras nas questões de se despirem em frente aos outros, quando decidem fazê-lo, conseguem fazê-lo com mais naturalidade que os homens, porque estes, mesmo sem serem naturistas, podem estar semi-nus em diversos locais sem que exista alguma tipo de censura social.

Fazendo uma comparação entre o Naturismo em Alemanha e no Brasil, penso que o Brasil está neste momento, como diz a Viviane, a atravessar “uma revolução” francamente positiva nos assuntos relacionados com o Naturismo, pois começou-se agora a falar do assunto de uma forma séria e a ser divulgado nos media segundo uma abordagem mais consistente e respeitosa.

Em relação a Alemanha  e pelo que me apercebi nas várias conversas que tive com o Flavio, na região onde ele vive, ainda existe muito o tabu da nudez social, que as mentalidades ainda não estão suficientemente “disponíveis” para compreender um conceito tão básico como é a própria nudez e o saber partilhá-la num ambiente familiar e saudável.

Viviane: “O Naturismo para mim é a concretização da liberdade que todo o ser humano procura.

Me sinto mais próxima às pessoas e muito mais feliz.”

Flavio: “Quando estou nu, sinto-me invencível pois estou em comunhão com a Natureza,  faço parte do Universo, sem preconceitos.