SER NATURISTA E SER FELIZ
Juscelino é uma fábrica de casos engraçados e emocionantes.
Ele, com seus 50 anos bem vividos, é casado com Mara, e desta união temos o Bill.
O curioso é que Juscelino ainda tem mais uma filha, com pouco mais de 20 anos fruto de seu primeiro casamento com a cunhada.
Isso mesmo.
Ele separou-se e depois se casou com a cunhada. Surreal.
Em uma de suas viagens ao nordeste, Juscelino encontrou uma praia de nudismo e bateu-lhe a curiosidade.
Sempre teve a vontade de ir, mas nunca teve a coragem.
Aqui no Rio temos a praia do Abricó, por exemplo, que com seu nome sugestivo é um perigo para pessoas como eu que escrevem muito rápido e cometem erros de ortografia.
Juscelino convenceu Mara e foi para a praia. Ele já tinha um plano de emergência desenhado em sua cabeça.
Aliás, em tudo o que fazemos em nossa vida, devemos sempre ter o plano B. não se pode mergulhar numa ideia sem desprezar a existência do fracasso.
Não se pode confundir otimismo com falta de prudência.
Aceitar a existência do fracasso é o primeiro passo para que cheguemos ao sucesso e Juscelino tinha consciência do que seria seu fracasso.
Entusiasmasse com a primeira nua e demonstrar fisicamente sua felicidade. Neste caso o plano B é a água gelada do mar.
E lá foi ele junto com sua esposa.
Na entrada já estava devidamente vestido e meio que constrangido.
Nem as cinco latinhas de cerveja tiraram sua timidez.
Mesmo se quisesse, não conseguiria demonstrar qualquer sinal de felicidade.
O público não era de causar entusiasmo.
Viu algumas mulheres sentadas e ficou preocupado com a possibilidade destas pegarem uma gripe ou algo assim.
Seus seios batiam na areia.
Tinha outra coisa que o incomodava: as mulheres eram hippies.
Por que ninguém ali era a favor do desmatamento? Não que ele fosse, mas deveria ter outras formas de preservar a floresta amazônica.
E a faixa etária? A mais nova parecia ser mãe de sua sogra.
Conversar com as pessoas olhando em seus olhos tornou-se um desafio.
Se Newton fosse vivo mudaria sua teoria da gravidade.
Descobriria que o olhar sofre da mesma gravidade que a maça, quando em contato com um corpo nu.
É difícil escapar da comparação ou da vontade de comparar-se ao outro.
Não sei se a mulher sofre desse mal, mas o homem acha que sempre há alguém com uma vantagem a mais que você, mesmo sabendo que isso não é o que importa, segundo algumas falsas mulheres.
Eu não sei dizer se ele sentia vergonha ou orgulho, até porque, para se proteger, o homem mente, mesmo que seja para si mesmo.
Quando pensava em ir embora, eis que surge o inesperado.
Ir para uma praia de nudismo pela primeira vez já é algo diferente e até mesmo constrangedor.
Imagine encontrar um conhecido.
E não é que Juscelino encontrou justamente o vizinho! Ambos nu, num embaraçoso aperto de mão, olhando nos olhos um do outro.
Quando Juscelino me contou esta historia, perguntei-lhe se tinha passado vergonha.
Orgulhoso, disse que foi o vizinho que passou.
É a comparação foi inevitável pra ele.
F I M
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